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terça-feira, 4 de outubro de 2011

Caso Tenorio II



"Ele não se encaixa dentro do próprio corpo. É como se estivesse no lugar errado. Vive em eterna crise por medo de morrer ainda como mulher. A inquietação e a mágoa completam a sua realidade.

Todo esse sofrimento faz parte da vida de Leonardo Tenório há pelo menos três anos. O jovem pernambucano de 21 anos, morador da parte recifense do bairro de Peixinhos, é um transhomem. "Até então eu nem sabia que existia isso, mas depois de completar 18 anos, pesquisando sobre o assunto descobri que era mesmo um transexual masculino", fala.
Leo, como prefere ser chamado, percebeu que o seu tipo físico não dialogava com o seu psicológico. Em uma explicação estereotipada, a situação dele é a de um homem preso em um corpo de mulher. "Essa incongruência recebe o nome de Transtorno de Identidade de Gênero; viver esse estado é fonte de sofrimento crônico”, era o que já afirmavam os primeiros estudos sobre a questão, promovidos de forma pioneira pelo pesquisador alemão Harry Benjamin em 1966.
"Em outro estudo que estava pesquisando no site do Dráuzio Varella vi que 44% dos 'trans' se descobriam apenas a partir da adolescência, e essa descoberta é quase sempre irreversível; foi quando me identifiquei", afirma Leo.

Assim, Leo, que se encaixa na condição de um transexual FTM ("Female to Male": espécie de apelido usado em todo o mundo), é considerado como tal mesmo sem ainda ter realizado a cirurgia de reatribuição sexual, termo correto para a popular: “cirurgia de mudança de sexo”. Essa transição anatômica de mulher-para-homem é o que o jovem mais quer na vida.
"Eu sei que quase ninguém vai entender, é complicado, mas para viver, eu preciso me distanciar do meu corpo, que ainda é uma parte de mim. Isso não é fácil", diz o jovem. "Às vezes quando acordo eu vejo que ainda estou dentro do corpo feminino, dá uma agonia e uma vontade de correr; poxa, poxa... Mas não adianta, né?", silencia. "

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