A Alma
Transforma-se em Sensações
Stendhal, in "Do Amor"
Eis um
efeito que me será contestado,
e que só
apresento aos homens que,
digamos, são
bastante infelizes para
terem amado
com paixão durante
longos anos,
dum amor contrariado
por obstáculos invencíveis:
A vista de tudo o que é extremamente
belo, tanto na natureza como nas artes,
traz-nos a
recordação do que amamos,
com a rapidez de um relâmpago.
É que, pelo
processo do ramo de árvore
guarnecido
de diamantes da mina de
Salzburgo, tudo o que no mundo é belo
E sublime faz parte da beleza do que
amamos, e esta visão imprevista da
felicidade
enche-nos os olhos de lágrimas
num
instante. É assim que o amor do belo
e o amor se
dão vida um ao outro.
Uma das infelicidades da vida é que a
Uma das infelicidades da vida é que a
ventura de
ver a quem amamos e de lhe
falar não deixa recordações distintas.
Aparentemente,
a alma está demasiado
perturbada pelas suas emoções para poder
prestar
atenção ao que as causa ou as
acompanha. Transforma-se na própria
sensação. É
talvez porque estes prazeres não
se podem renovar sempre que queremos,
por simples força de vontade, que se renovam
com tanta
força, desde que um objecto qualque
r nos venha
tirar da meditação consagrada à
mulher que
amamos, e lembrar-no-la mais
vivamente
por meio de uma nova sugestão
(o perfume dela, por exemplo).
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